mercredi 1 septembre 2010

présentation de Isabel Maia


Foi um encontro modesto, tive lugar no Mercado Modelo em Salvador de Bahia em 1985, quase todas as bancas da  Praça Cayru estavam fechadas, só uma aberta com cordéis pendurados  de autores bahianos. Daquele primeiro encontro nasceu a minha curiosidade de saber mais sobre aquela literatura oral nordestina. Voou o tempo e surgiram mais perguntas 20 anos depois : resistiu aos assaltos da modernidade essa literatura ? Será que o cordel agora está por um fío ?
A melhor opção para tirar a dúvida era fazer uma pesquisa in-situ e assim cheguei até o mercado da Boa Vista de Recife para conhecer e entrevistar os  cordelistas, là descobri que na associação havia muitas mulheres cordelistas. As 3 mulheres que quero apresentar tem denominador comum, Unicordel  e trajectória e estilo diferentes. Isabel Maia é uma delas.

ISABEL MAIA
Foi a partir duma tradiçao oral  bem implantada na sua familia que Isabel herdou o interesse pela literatura oral. Sua mãe sempre contava pra ela as estórias que conhecia, transmitidas algumas de geração em geração, inventando também outras.
« Minha mãe foi pouco tempo pra escola, nos primeiros días da escola, ela viu o professor bater na sua irmã, aí falou pra o pai que queria ficar em casa, que preferia trabalhar na roça e aprender a ler em casa, era a mais velha dos filhos o pai aceitou. Por isso, ela escrevia pouco porque não conhecia a ortográfia mas gostava muito de fazer e recitar poemas. » Quando Isabel era criança, de todos os contos que ouviu da mãe, o preferido era "Donzela Teodora", essa menina que falava com os sabios e lhes tapava a boca.
Mas passou muito tempo antes de Isabel resolver escrever. Aconteceu em 2005, morreu seu irmaõ Jairo, sem acabar o poema « A viagem do ciclista », pouco tempo depois leio Isabel de novo o poema e pensou que seria bom terminar, seu outro irmão que trabalhava com bicicletas lhe deu ajuda para os detalhes mais técnicos e ela começou a fazer versos "Quanto mais escrevia, mais me entusiasmava, gostava de escrever e achava bom o que fazia. Terminei o cordel". O fim do cordel do irmão marcou o começo da sua produção poética. Como matérias primas utiliza Isabel as estórias ouvidas na familia como no cordel « A morte de Viriato » que relata uma briga entre 2 homens, briga que assistiu o seu trisavó. O seu universo poetico se inspira  também das aventuras dos vizinhos ou conhecidos (como « Paraíba trocador » onde aparece esse homem quem gostava de ir para o brecho e trocar) ou de suas experiências próprias (« O triangulo amoroso »).
Um dos sonhos que queria realizar o seu irmão Jairo, « Castanha » era publicar os escritos, se tornou realidade no fevereiro de 2009 com a publicação de « Maia : contos e poesia » de triple autoria (Isabel, seu irmão e sua mãe) que contem as poesias transcritas da mae, Leocádia que tem sido uma das mulheres  que, durante  a vida toda, produz poesia oral, podendo ver finalmente aos 93 anos de idade os versos dela num livro.
Isabel gosta também de poder recitar. Graça a Altair, um cordelista que montou sua própria editora « Pantera cordelaria » em Paulista, perto de Recife, « entrei em contato com os poetas de Unicordel e desde aquel momento, gosto muito  de participar nas atividades do grupo. »





ISABEL MAIA
Nascida em Recife
Poetisa-cordelista,
Membro de Unicordel (Uniåo dos Cordelistas do Pernambuco)
Membro da Acadèmia de Letras e Artes de Paulista (PE)

Folhetos publicados por Pantera Paulista (PE) : (talvez seja preciso atualizar datas e títulos)
A princesa poetisa -                                                                        dezembro 2009
Paraíba trocador                                                                              janeiro 2009
A sogra que se deu mal                                                                  agosto 2008
Viagem pra Bonito                                                                           novembro 2007
Triângulo amoroso                                                                          janeiro 2007
A vaca que roubou o vestido da noiva           
A morte de Viriato
A viagem de Manezinho
8 de dezembro            
O padre e o cemitério                                                           

« Maia : contos e poesia » (em parceria com Leocadia Maia e Jairo Maia, « Castanha »)                                                                                                fev 2009
A morte do ciclista escrito com Jairo Maia

dimanche 21 février 2010

un cordel de Patativa de Assare

Le triste départ

Passa septembre
Puis octobre, novembre
Nous sommes en décembre
Mon dieu qu'en est-il de nous?
Ainsi parle le pauvre 
Du sec Nordeste
Avec la peur de la peste
Et de cette faim féroce.

Au treize du mois
Fit l'expérience
Perdit sa foi
Dans les pierres de sel
A une autre expérience
De nouveau il s'accroche
Attendant la barre 
Du joyeux Noël.

Noël est passée
Et la barre n'est pas venue
Le soleil si rouge 
Est né bien au delà
A la cime des bois
Crisse la cigale
Personne ne voit la barre
Car barre il n'y a.


Sans pluie sur la terre
Glisse janvier
Vers février
Dans l'été même
Le fermier réclame
Se disant pour lui
Mon dieu c'est punition, 
Il ne pleut plus, non.

Il en appelle à mars
Le mois préféré
Du saint bien aimé
Monsieur  Saint José
Sans pluie sur la terre
Tout est sans solution
De son cœur s'enfuit 
Le reste de sa foi.

Ainsi parle le vieux
Je continue mon chemin
Il invite la famille
Et commence par dire
Je vends l'âne
Le mulet et le cheval
Nous partons à Sao Paulo
Vivre ou mourir.

Nous partons à Sao Paolo
Que la chose est laide
Sur une terre autre 
Nous allons errer
Si notre destin
N'est pas si mesquin
Dans ce même petit coin
Il nous ramènera.

Ils vendirent l'âne
Le mulet et le cheval
Et jusqu'au coq
Ils vendirent aussi
Et là apparaît
Un heureux fermier
Pour peu d'argent
Lui achète ce qu'il a .

Sur le haut du chariot
Toute la famille est réunie
Arrive le triste jour 
Ils vont voyager
La sécheresse est terrible
Qui dévore tout
Qui le pousse au dehors 
De sa contrée  natale.

Le second jour
Tout est déjà fâché
Le chariot emballé
Rapide à courir
Le père de famille
Triste et chagrin
Le fils en pleurant
Commence à dire

De peine et de saudade
Papa, je sais que je meurs
Mon pauvre chien
Qui va le nourrir?
Et l'autre répond
Maman, mon chat
De faim et de torts
Mimi est mort.

La plus petite
Tremblant de peur
Maman, mon jouet
Et mon pied de fleurs
Mon rosier
Sans eau dépérit
Et ma poupée
Est restée là aussi.

Ainsi ils vont laissant 
Avec pleurs et gémissements
Leur nord bien aimé
Un beau ciel bleu
Le père de famille 
Pensant aux enfants
Le chariot roulant
Sur la route du sud.

Le chariot emballé
Sur le haut des monts
Regardant vers sa terre
Son berceau son foyer
Cet homme du nord
Rongé par la peine
De loin fait un signe
Cearà, adieu.

Ils arrivèrent à Sao Paulo
Sans argent et brisé
Le pauvre  tout honteux
Cherche un patron
Ne voit que  visage fermés
De personnes étranges
Tout est différent
De son cher pays.

Il travaille une année
Deux années, plus d'années
Et toujours dans l'idée
D'un jour encore devant
Le père de famille
Triste et maudissant
Ainsi ils vont souffrant 
Un éternel tourment.

Le père de famille
Vit là prisonnier
Souffrant du mépris
Et au patron devant
Le temps passant
Un jour va un jour vient
Et cette famille 
Plus ne revient.

Si un jour par hasard
Il a la chance
Nouvelle du Nord
Le plaisir d'entendre
Saudade au cœur
L'étreint et l'envahit
L'eau de ses yeux 
Commence à tomber.

Distant de la terre
Si séche mais bonne
Soumis à la brume
A la boue et au marais
Il est triste de voir
Un homme du nord si vaillant
Vivre esclave étant
Sur les terres du Sud.